A noite de encerramento da série de Encontros com o Professor de 2009 não poderia ser diferente. Em clima festivo e alegre, Ruy Carlos Ostermann conversou com o trio que compõe a banda Graforréia Xilarmônica: Frank Jorge, Carlo Pianta e Alexandre Birck.
Uma das primeiras questões que surgiu no bate-papo foi entender a origem do nome da banda. Frank tentou explicar, afirmando que o significado de ‘graforréia’ é uma obsessividade por escrever muito e sem sentido. Não satisfeito com a explicação, Birck decidiu contar aquela que seria a verdadeira história do nome da banda. “Quando escolhemos o nome a banda tinha cinco pessoas. Precisávamos fazer um show e não tínhamos nome, então decidimos buscar palavras aleatórias no dicionário e fazer uma votação. A palavra ‘graforréia’ e a palavra ‘xilarmônica’ foram as mais votadas. Posso dizer que em termos de mercado o nome é uma maravilha. Nem eu mesmo conseguia memorizar”, brincou.
No embalo das explicações, Frank decidiu contar a história do nome do primeiro disco da banda ‘Coisa de Louco II’. “Nossas raízes de Uruguaiana e Livramento influenciaram nesse processo de escolha. Lá se fala muito ‘coisa de louco’. Aí pensamos que cada pessoa pode escolher o que é a sua ‘coisa de louco’ número um, mas a ‘coisa de louco II’ não, porque é o nosso disco”, afirmou levando o público às gargalhadas.
Em seguida, falou-se sobre a dificuldade que os músicos brasileiros, em geral, tem para trabalhar apenas com performance. “Não posso me dar ao luxo de trabalhar só com a banda. Preciso estar envolvido em outros projetos para poder me sustentar”, declarou Birck e Pianta completou “Pato Fú e Los Hermanos são umas das poucas bandas brasileiras que conseguem sobreviver disso, fora do main stream. Aqui no Brasil é oito ou oitenta: ou tocamos no Domingão do Faustão, ganhando muito dinheiro, ou temos que pagar para tocar”.
Sobre o processo de composição de tantas letras engraçadas, o trio foi unânime em dizer que o maior responsável por isso é o Frank. “Ele sofre de diarreia criativa, sempre tem que estar compondo. Eu faço algumas músicas, mas são sempre com temas trágicos, dramáticos. O Frank tem a capacidade de colocar humor em suas canções. O Alexandre não costuma compor, embora tenha gravado um cd solo de composições próprias”, brincou Pianta. Birck esclareceu. “Acordei um dia e pensei que queria escrever uma música por dia e no final gravar um disco. Levei oito dias, compondo oito músicas, e gravei tudo, no final pensei: pra que isso!”, contou rindo e fazendo todos rirem com ele.
Aproveitando o embalo, Frank lembrou da forma como compunha músicas naquele que definiu como a sua fase ‘gurizística’. “Era o momento mais crocante das nossas vidas. A gente andava pela rua, sem eira nem beira, e de repente vinha uma palavra na nossa cabeça, que virava uma frase sem sentido e tudo isso se transformava na base de uma canção”, revelou.
Ao fim da noite, as perguntas foram abertas ao público. Dentre elas, destacaram-se duas. A primeira versava sobre dinheiro, e perguntava aos três músicos o que eles fariam se fossem ricos. Birck saltou na frente: “Eu iria morar na Costa Rica. Adoro praia, surfar de pranchão e lá é perfeito para isso”. Pianta respondeu: “Compraria um barco e viveria só fumdando charutos caros”. Por fim, Frank: “Gostaria de fazer mais apresentações musicais na periferia de Porto Alegre ou de outro lugar, levar a música até as comunidades mais marginalizadas”.
A outra questão abordava a influência da internet na vida dos músicos. “A internet ajuda quem não está na mídia a vender cds e fazer shows. As empresas que ficam reclamando direitos autorais, em nome dos artistas, são aquelas mesmas que sempre roubaram de nós”, declarou Pianta. “O lado negativo dessa facilidade da rede é o excesso de produção que temos hoje, sem qualidade, sem o filtro que tínhamos antes”, encerrou Birck.
Crédito da foto: Luis Ventura