Uma das campanhas mais estranhas que vi ultimamente foi a Preconceito Zero (se não me engano o nome é esse). São cartazes que aparecem na janela traseira dos ônibus de Porto Alegre. Tudo estaria muito bem se não fosse o fato de eles misturarem dois tipos de preconceitos, que ao meu ver não são compatíveis.
Um dos cartazes tem mensagem do tipo: "Sou cadeirante e tenho MBA em Marketing. Na sua empresa tem lugar pra mim?". Até aí tudo certo, afinal de contas não existe ainda uma noção de que se pode e deve contratar pessoas portadoras de deficiência física, já que elas são um potencial desprezado. No entanto, outra mensagem que vi dizia: "Sou negro e gerente comercial graduado. Na sua empresa tem lugar pra mim?". Aí não tem cabimento. Comparar o preconceito sofrido por um portador de deficiência, que de fato é alguém que tem algumas limitações físicas, com o preconceito racial é errado. Um negro, a não ser para quem é de fato muito preconceituoso, não possui nenhuma incapacidade inerente à sua cor para não poder ser contratado por uma empresa, mesmo tendo qualificações. Isso não deveria nem ser cogitado como sendo o mesmo caso.
Claro que não posso fechar os olhos e dizer que não há racismo e que os negros concorrem de igual para igual com os brancos às vagas no mercado de trabalho. Mas isso acontece por pura ignorância, já que tendo uma boa formação, como a campanha ressalta, não teria porque deixá-lo de lado. A cor da pele não influencia na capacidade das pessoas de forma alguma!
O que pode acontecer, e acontece muito no Brasil, é o negro não ter as mesmas oportunidades de estudo, pois, em geral, fazer parte da população mais pobre, menos favorecida. Aí não depende apenas do preconceito de alguns, mas sim da falta de capacitação para concorrer de forma igualitária.
O mesmo acontece com cartazes da campanha que trazem homossexuais como exemplos. Agora opção sexual torna alguém menos capaz para o trabalho? Não foi uma boa ideia, embora deva ter sido feita com a melhor das intenções.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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