quarta-feira, 6 de maio de 2009

Absurdo é pouco!

O governo Yeda quer acabar, de fato, com a (pouca) qualidade do ensino das escolas públicas do RS. A última, é a tal proposta de agrupar as disciplinas em quatro grandes áreas: linguagens (língua portuguesa, literatura, língua estrangeira, arte e educação física), matemática, ciências da natureza (biologia, química e física) e ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia).

Se a ideia fosse, apenas, dar nome aos bois – modificar o nome das disciplinas, mas ainda exigir que cada professor tenha a formação acadêmica em uma determinada área – tudo bem. Mas a proposta é fazer com que professores, formados em disciplinas específicas, como Física, possam dar aula de Química e Biologia também! Como assim? Mal os educadores atuais conseguem ministrar as suas próprias matérias, por conhecimento insuficiente ou defasado, e o Estado querendo que eles sejam capazes de dar aula sobre três assuntos distintos???

Tudo bem que a interdisciplinaridade é importante, concordo. Também acho que seria bem interessante que os professores tivessem mais conhecimentos sobre as outras matérias que se relacionam, ou deveriam se relacionar, com a aquela em que eles se formaram. Mas querer que, de um ano para o outro – a proposta deve ser implementada já em 2010 – todos estejam preparados para “ensinar por área” é querer demais! Além disso, querem fazer concurso público – leia-se arrecadar $$ - para já contratar professores por área.

É totalmente absurdo. É mais que um absurdo! Com isso, o ensino público só tende a ficar ainda mais precário. É humanamente impossível que um cara que se formou em Química, que por si só já é algo bem complexo, tenha conhecimento satisfatório para ensinar Física e Biologia. Não dá, não tem como. A não ser que ele fizesse as três graduações, estudasse por mais de 10 anos. Absurdo!

Em meio a protestos e indignação do Cpers/Sindicato, a secretária estadual da educação, Mariza Abreu, respondeu o seguinte hoje, no Bom Dia Rio Grande: “Do Cpers não vale, eles estão sempre criticando mesmo!”. Mais absurdo!

Na Zero Hora, algumas justificativas da secretária:

“É certo que a mudança vai acontecer no ano que vem. Não há nenhum obstáculo significativo – diz Mariza.” (Claro, o Cpers não vale!)

“Segundo Mariza, os professores que hoje ensinam uma disciplina específica teriam um período de transição para trabalhar nas áreas. Eles primeiro serão preparados para essa função.” (De que jeito? Vão fazer três graduações?)

“A Secretaria da Educação entende que um docente deve ter condições de lecionar todas as disciplinas compreendidas dentro de uma mesma área, mas espera uma mudança nos cursos de formação.” (Sim, no próximo vestibular da UFRGS, PUCRS etc. vão ter as opções Ciências da Natureza, 10 anos de curso, Ciências Humanas, nove anos de curso...)

“Conforme Mariza, a proposta do Estado está em sintonia com o que o Ministério tem defendido como a melhor referência para a organização do currículo.” (Claro, o Brasil como um todo é o exemplo da qualidade e valorização da educação)

Que te parece?

2 comentários:

Rafal Dorneles disse...

Realmente, eu não tinha pensado pelo lado dos professores. É realmente inviável, tanto pra quem já está na carreira, quanto pra quem vai estar, dominar toda uma área. Chega a ser ridiculo! E qual a motivação de fazer essa mudança??

Ainda bem que somos do bacharelado...isso se não afetar as aulas na faculdade também.

E incrível como você consegue se manter calma pra escrever, mesmo parecendo estar vermelha de raiva...muito bom o blog!
Até mais!!

felipesfranke disse...

Não tenho conhecimento para dizer o quanto ela é viável ou não, mas a proposta de aproximação de áreas, forçando uma formaçao mais completa de profissionais, não me parece de todo absurda. Há inclusive quem discuta se áreas como Física e Matemática, Biologia e Química devam afinal ser diferentes.