segunda-feira, 25 de agosto de 2008

(Quase) um desastre total

Nas olimpíadas de Pequim, o Brasil terminou em 23° lugar no quadro de medalhas, com apenas três ouros, quatro pratas e oito bronzes. Ou seja, conseguiu ficar pior classificado do que em Atenas, 2004, quando obteve cinco ouros e acabou na 16ª posição.

Se não fosse o ótimo desempenho de alguns atletas, que se superaram e ganharam medalhas inéditas para o país, podia-se dizer que esses jogos foram um fiasco geral para a nossa delegação. Mas é preciso ser justo e reconhecer que muitos deram o seu melhor e, claro, tiveram um desempenho excelente.

Entre os destaques nacionais, sem nenhum feminismo forçado, devo destacar o papel exemplar das mulheres brasileiras. Ketleyn Quadros, do judo, levou o bronze e ganhou a primeira medalha individual feminina, seguida pela conquista de Maurren Maggi, do salto em distância, que ganhou a medalha de ouro e tornou-se, então, a primeira campeã olímpica em esporte individual a subir o degrau mais alto do pódio. No taekwondo, Natália Falavigna, inaugurou o pódio brasileiro, recebendo o bronze, assim como a gaúcha Fernanda Oliveira e a carioca Isabel Swan, que marcaram a primeira conquista da vela feminina. E não pára por aí, porque as meninas da seleção de vôlei de quadra também ficaram com medalha inédita, e dourada, anulando sua fama de “amarelonas em finais”. Venceram bonito o time norte-americano, por três sets contra um, por sinal, o único set perdido durante toda a olimpíada.

Para que não haja injustiça contra os homens, César Cielo, da natação, também fez bonito em Pequim e trouxe o nosso terceiro ouro, nos 50m livres, além do bronze, nos 100m livres. Os demais medalhistas de prata e bronze também merecem os parabéns, claro, apenas não os destaco pelo fato de não terem conquistado títulos inéditos.

No entanto, é uma pena que um país do porte do Brasil tenha esse desempenho tão ínfimo, perdendo posições no quadro de medalhas para países mais pobres como Jamaica, Quênia e Etiópia. As poucas justificativas que vejo para isso é que, assim como não se valoriza a educação, o esporte não tem investimento sério e comprometido no país. Apesar dos R$ 692 milhões que as empresas estatais e os recursos da Lei Piva destinaram, durante os últimos quatro ano, ao preparo dos atletas olímpicos, não se sabe onde, exatamente, foi parar esse dinheiro nem o porque de continuar sendo insuficiente para melhorar a qualidade da prática esportiva. Temos aí, mais uma vez, o problema da falta de transparência do Estado, que gasta um valor significativo, mas sem destino claramente definido.

Um país que não leva mais nada a sério, além da corrupção, do Carnaval e do futebol (masculino) – que não depende de verbas públicas e, por isso, deveria ter tido um desempenho muito além do bronze –, não pode mesmo querer uma boa performance nos jogos olímpicos. Nessa competição estão reunidos os melhores (e mais bem preparados) atletas do mundo. Sem estrutura, sem acompanhamento financeiro e psicológico, sem o preparo e investimento necessários, nossos grandes talentos conseguem somente chegar perto (ou nem tanto) das tão cobiçadas medalhas.

Sendo assim, devemos parabenizar honestamente àqueles que superaram essas barreiras, mostrando-se vencedores, e pensar melhor no momento em que formos às urnas, em outubro, para escolher os políticos que vão governar o Brasil nos próximos quatro anos. Juntamente com as falhas na educação, na segurança e na saúde, o esporte mostrou, em Pequim, que carece, e muito, da atenção e comprometimento do Estado.

Nas fotos (de cima para baixo): os medalhistas de ouro Maurren Maggi, vôlei femino e César Cielo.

Nenhum comentário: