domingo, 17 de agosto de 2008

Palavras sábias


Cena do filme Juventude, de Domingos Oliveira

Estive em Gramado, durante o 36° Festival de Cinema, pois estava trabalhando na cobertura do Encontros com o Professor – evento de Ruy Carlos Ostermann, que acontece quinzenalmente em Porto Alegre, no StudioClio, e está cumprindo uma agenda itinerante pelo interior do Estado. Lá, o convidado para o bate-papo informal, muito bem conduzido pelo Ruy, diga-se de passagem, foi o cineasta brasileiro Domingos Oliveira. No auge dos seus 71 anos, Domingos deu lições de vida para o público presente (ver matéria completa no site www.encontroscomoprofessor.com.br ).

Após o trabalho, pude assistir ao último filme do cineasta, Juventude, que está concorrendo ao Kikito na categoria Longa Metragem Nacional. Achei o filme simplesmente ótimo! A trama conta a história de três amigos que se reencontram após 50 anos e passam a relembrar e confessar vários momentos de suas vidas. Falam dos amores fracassados, das expectativas e planos atingidos, ou não, e das angústias e dúvidas que todo ser humano tem. Mas o mais maravilhoso é que, apesar de os personagens (interpretados pelo próprio Domingos, por Paulo José e por Aderbal Filho) já estarem com 70 anos, eles não se enxergam ou se comportam como velhos, do tipo sábios, serenos e resolvidos. Mostram-se, por outro lado, tão ansiosos e com tantas incertezas e frustações como qualquer jovem costuma estar.

Outro ponto fascinante é perceber que muito do que Domingos revela nas entrevistas, sobre suas convicções e perspectiva de vida, está presente no texto dos personagens. Assim, quem o conhece ou acompanha os seus depoimentos percebe a autoria da obra quase que instantaneamente.

Com a parcialidade de quem foi tocada pelas declarações e pelo filme de Domingos Oliveira, disponho abaixo algumas das melhores frases dele:

“Posso dormir deprimido, mas nunca acordo assim. Tudo o que parecia difícil à noite se torna simples pela manhã.”

“A comodidade e a auto-piedade são inúteis. A vocação do homem é heróica, por isso cada pessoa tem que ser superior ao seu sofrimento.”

“As pessoas podem fazer pouco umas pelas outras. Acredito que ninguém pode ser o responsável por fazer o outro feliz. Cada um tem que estar bem consigo mesmo. Não podemos jogar esse fardo pra cima de alguém.”

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