quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dennett, filosofia da mente e religião


Na segunda-feira (08), o filósofo Daniel Dennett veio a Porto Alegre participar do evento Fronteiras do Pensamento. Sua palestra versou sobre a mente humana, ressaltando as características e mecanismos que a diferenciam da mente animal.

Dennett iniciou a conversa com o público ressaltando a abordagem dualista de Descartes na qual a mente dos homens era superior a dos animais pela sua alma imortal, imaterial, que o faz uma coisa pensante, ao passo que os animais teriam mentes simples, guiadas pelo instinto. O filósofo confrontou essa ideia com a visão naturalista, introduzida pelo pensamento de Darwin. Mas como criar uma mente a partir da pura ignorância da seleção natural? De acordo com Dennett, o cérebro humano seria regido por uma espécie de “colônia de cupins”, através da qual esses pequenos agentes (nossos neurônios) agiriam sem saber a razão do que estão fazendo, sem um “chefe” que os controle, como programas de computador. Ou seja, somos tão especiais como Descartes pregava, mas por outras razões: como Dennett aponta, “nós temos uma alma; mas ela é composta de pequenos robôs”.

Entretanto, é possível afirmar que os melhores momentos, a partir dos quais pudemos conhecer um pouco mais sobre quem é Daniel Dennett e quais são as suas opiniões, foi a entrevista coletiva que aconteceu antes da palestra. Nesse momento, o filósofo respondeu aos jornalistas sobre um dos assuntos mais polêmicos de sua carreira: a religião. Isso porque junto com outros influentes pensadores atuais, como Richard Dawkins, Christopher Hitchens e Sam Harris, Dennett é um eminente defensor do ateísmo. Além de refutar a crença generalizada de que as religiões crescem cada vez mais ao redor do globo, Dennett ainda aponta a correlação negativa entre influência da religião e o subdesenvolvimento econômico, social e científico.








Dennett também ressaltou que uma pesquisa feita nos EUA indica que, em 20 anos, apenas 4% das crianças nascidas norte -americanas serão crentes na bíblia. Uma das principais causas desse aumento de “infieis” é a liberdade de informação, já que a internet permite o acesso de qualquer pessoa à todo tipo de informação. E, segundo Dennett, a informação é inimiga da religião.

O filósofo concluiu a conversa explicando o que é o grupo Brights – illuminating and elevating the naturalistic worldview (http://www.the-brights.net/), do qual faz parte. Relacionou a palavra brights (que quer dizer brilhante) com a palavra gay (alegre), afirmando que no “bible belt” norte-americano os ateus de hoje sofrem os mesmos preconceitos que os homossexuais sofriam nos anos 50.

Foi, literalmente, brilhante!


Fotos e vídeo: Flávia Moraes e Rafael Barfknecht






Nenhum comentário: