E lá fui eu, em saída de campo com o pessoal da turma de Biogeografia, para a Serra do Sudeste Rio-Grandense. Fizemos cinco paradas diferentes, pelo caminho, para observar a geomorfologia, vegetação, solos e outras características de cada local.
Logo na primeira parada, em Arroio dos Ratos, vimos uma extensa área destinada à silvicultura, mais precisamente ao plantio de Eucalipto. As fotos mostram a quantidade de madeira e de terra a serviço das fábricas de celulose. Certo que precisamos de papel, mas os estragos que essas plantações causam ao solo são irrecuperáveis. Isso é o resultado dos problemas econômicos da região somados ao desconhecimento ambiental, pois segundo o professor Hasenack, que ministra a disciplina, a pecuária seria uma boa alternativa ao local. É apenas uma questão de manejo para que esse processo renda a mesma quantia que o plantio de Eucalipto.
Extensa área de plantio de Eucalipto em Arroio dos Ratos
Em seguida, fomos para Encruzilhada do Sul, onde vimos áreas de mata com extração de lenha e, por estar aberta, possível local de pastagem de gado. No entanto, essas atividades não são regulamentadas na região, o que demonstra a falta de fiscalização. Outro ponto preocupante é a possível nascente de rio, que deveria ter seu entorno com 50m de preservação. Mas o que se viu foi uma estrada de chão batido a menos de 2m dali.
Embora muitas outras situações de mau uso da área ou uso irregular tenham sido vistas durante a nossa viagem, chamou a atenção também a região de Tapes. Além das exageradas metragens de plantações de Pinus, que estão tomando conta de toda a orla, pude ver o que o homem faz com suas terras particulares. Havia uma propriedade com área de “Butiazal” (obviamente, um local com vários Butiás, foto ao lado, lindo!), onde permitiam a pastagem de cavalos. Tudo indica que ali dificilmente vai crescer outros butiás, porque os cavalos irão comer todas as mudas que brotarem ao redor. Ou seja, é possível afirmar que locais tão bonitos como esse na foto estão prestes a não existirem mais.
Isso tudo só demonstra como nós, seres humanos, temos a tendência a destruir a natureza ao nosso redor em nome da ganância. É um absurdo como esse desrespeito com o meio ambiente e a falta de fiscalização resultam em desmatamento e uso completamente equivocado de regiões que poderiam render os mesmos lucros com desperdícios reduzidos da utilização sustentável.
É preciso mudar a mentalidade do homem, que deve começar a perceber, se é que ainda não foi possível, a necessidade de preservar as riquezas naturais para que gerações futuras possam viver em um mundo, ao menos um pouco, habitável. Quando será que conseguiremos essa façanha? Quero estar viva para ver!
OBS: Como nem tudo é só tristeza, em meio a todos esses problemas fui surpreendida pelas lindas flores Caliandras que insistiam em colorir a região com seu vermelho irradiante.
Porque a natureza resiste ao homem! (ainda)
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